Como editoras ainda escanteiam livros sobre diversidade

Todo o mundo leu e não se esqueceu de "Feliz Ano Velho", do meu companheiro quebrado Marcelo Rubens Paiva. De lá para cá, passaram-se 40 anos e obras que tenham a diversidade física, sensorial ou intelectual como tema, no Brasil, não conseguem prestígio nem visibilidade entre as editoras.

A genialidade do Paiva e seu talento literário são inegáveis, mas a busca por outras histórias que revelem com originalidade a empreita humana em estar vivo diante de adversidades é claramente pífia, estigmatizada e preguiçosa.

O que até move algumas bundas de editores são batidos relatos de tragédias pessoais cheias de lugares-comuns e "superações" patéticas que traduzo como "dar um jeito na existência" porque as contas estão aí para pagar e pouca gente irá se importar com isso. Parece dureza, mas é real. A tragédia alheia tem tempo curto na realidade da gente.

O que se publica, muitas vezes, são condescendências a histórias tristes com pouca ou nenhuma profundidade a respeito das inerências de não ver, não andar, não ouvir ou sentir o mundo de uma maneira que desperte reflexão, sensações, angústias, medos, autoanálise que seja.

Assim como há sentido, valor e talento na literatura negra, em encorajar relatos de feminismo, existe a literatura a respeito da deficiência. Relatos sobre formas de amar, de ver o mundo, de não caber no mundo, de enfrentar o mundo, de sentir diferente, de encantar sendo diferente e de resistir não sendo igual.

O que também vejo em parcas vitrines, vez ou outra, são obras infantis que tentam trabalhar a "aceitação" do cadeirante, do autista, da pessoa com Síndrome de Down, do cego, do surdo, com variações de apelos discretos sobre o mantra "todo mundo é igual" ou "todo mundo cabe no mundo".

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