Dólar sobe após dados de inflação e PIB nos EUA; Bolsa cai sob pressão de Vale

O dólar registrou nova alta nesta quinta-feira (25), subindo 0,29% e fechando o dia cotado a R$ 5,164, com dados de atividade econômica e inflação americanos sendo o principal foco de investidores.

O Departamento de Comércio americano divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,6% no primeiro trimestre, abaixo das projeções do mercado. Economistas consultados pela Reuters previam que o PIB subiria a uma taxa anualizada de 2,4%. Houve, no entanto, sinais de alerta.

"Embora o PIB do primeiro trimestre de 2024 tenha crescido abaixo do esperado, a economia norte-americana mostra-se ainda resiliente no começo do ano. O mercado de trabalho bastante aquecido reforça um crescimento via gastos com consumo. Essa vitalidade econômica deve ser o principal motivo para o Fed [Federal Reserve, o banco central americano] continuar com as taxas de juros inalteradas por bastante tempo", afirma André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online

Além disso, dados de inflação trimestral também divulgados nesta manhã surpreenderam para cima: o núcleo do índice de preços PCE, medida mais acompanhada pelo Fed para suas decisões sobre juros, acelerou a alta para 3,7% no trimestre, acima da expectativa de 3,4%.

Os novos números de alta de preços acabaram compensando o desempenho fraco do PIB e somaram-se à recente bateria de dados que mostraram resiliência da economia americana e adiaram as apostas sobre o início do ciclo de corte de juros no país.

"Essa primeira leitura do PIB deixa sinais mistos para o Fed. Se por um lado a atividade mais fraca, puxada pelo consumo e pelas exportações líquidas, aponta para um crescimento do PIB mais em linha com o potencial, por outro, a aceleração da inflação cheia e do núcleo medidos pelo PCE para patamares que não condizem com a meta de inflação impede que o ciclo de afrouxamento monetário tenha início num futuro próximo", dizem analistas da Genial Investimentos.

Juros mais altos nos EUA são, num geral, benéficos para o dólar, já que tornam os rendimentos dos treasuries [títulos do Tesouro americano] mais atraentes, chamando investidores para os mercados americanos. A moeda americana acumula forte alta ante o real neste ano.

Os rendimentos dos treasuries, aliás, registraram forte avanço nesta quinta, saindo de 4,64% para 4,70%.

Na Bolsa brasileira, o dia foi volátil, com pressões do setor financeiro e da Vale, a empresa de maior peso do Ibovespa, que reportou queda de 13% em seu lucro do primeiro trimestre.

Na ponta positiva, as ações da Petrobras operavam em forte alta e limitavam as perdas do Ibovespa, após o conselho de administração da companhia ter aprovado a distribuição de R$ 22 bilhões em dividendos extraordinários. Houve, ainda, sinalização de uma possível nova distribuição de mesmo valor ao longo do ano.

Com isso, o Ibovespa teve variação negativa de 0,07%, fechando praticamente estável aos 124.644 pontos. A Vale caiu 2,10%, e a Petrobras avançou 2,40%.

"Tivemos as Bolsas bem voláteis por conta da imprevisibilidade e da insegurança que esses dados [dos EUA] trazem. Os dados de amanhã do PCE podem dar uma visão melhor, mas o cenário ainda está muito incerto. Essa incerteza aumenta cada vez mais, e as Bolsas, inclusive a brasileira, sofrem", diz o analista Rodrigo Cohen, da Escola de Investimentos.

Com Reuters

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