Inteligência artificial monitora jornada de saúde da gestante em maternidade

Ferramentas de inteligência artificial e machine learning (ou aprendizado de máquina) têm sido utilizadas pela medicina como estratégia para melhorar desfechos clínicos de pacientes. Nas maternidades, a tecnologia pode ajudar a reduzir as taxas de mortalidade de gestantes e recém-nascidos.

Para Alexandre Chiavegatto Filho, diretor do Labdaps (Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde), da USP, essa é uma estratégia efetiva para que o Brasil reduza a mortalidade materna. Segundo o objetivo da OMS (Organização Mundial de Saúde), até 2030 a taxa global de óbitos deve ser de menos de 70 por 100 mil nascidos vivos.

"O interessante de usar dados e algoritmos para isso é que a maioria dessas mortes são consideradas preveníveis. Se a gente identificar com antecedência qual a gravidade da gestação, conseguimos iniciar intervenções para prevenir a ocorrência de um evento grave", afirma.

Aspectos de saúde, demográficos, socioeconômicos, ambientais e genéticos, quando digitalizados em bancos de dados, servem de base para o aprendizado dos algoritmos, que reconhecem padrões e passam a entender quais características das pacientes podem aumentar ou diminuir os riscos da gestação.

A partir do cruzamento dessas informações, é possível detectar previamente doenças gestacionais e, dessa forma, orientar os médicos sobre a necessidade de intervenções, antes que a situação se agrave.

Entenda a metodologia da pesquisa Datafolha

"À medida que coletamos mais e mais dados, os algoritmos vão encontrando e identificando nuances, que às vezes passam despercebidas ao cérebro humano", explica Chiavegatto Filho.

A plataforma de big data do grupo Santa Joana, em funcionamento desde 2023, opera com 5,8 milhões de combinações de dados, usados para mapear a jornada de saúde das gestantes e orientar a conduta dos médicos durante o acompanhamento pré-natal.

"O cuidado humano é um capital que a gente não abre mão e ele é muito evidente. A gente não usa a inteligência artificial sozinha, mas para apoiar o médico, que é quem dá o diagnóstico. Sempre serão humanos cuidando de outros humanos", explica Eduardo Cordioli, diretor médico de obstetrícia do grupo, que há dois anos não registra nenhuma morte relacionada à gestação.

Neste ano, pela décima vez consecutiva, a maternidade Santa Joana foi escolhida como a melhor de São Paulo, por 17% dos paulistanos ouvidos pelo Datafolha.

Alguns destaques da ferramenta citados pelo obstetra são a predição do risco de parto prematuro e do desenvolvimento de hipertensão durante a gravidez —uma das maiores causas de óbitos maternos no mundo.

"Nosso prontuário eletrônico facilita a vida do médico. Assim que ele identifica risco, já sai toda a lista de condutas, de tal forma que o atendimento fica mais rápido e o médico tem uma ferramenta de apoio à tomada de decisão", explica Cordioli.

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