Outono de Carne Estranha é romance de poesia rara, mas diluída

Uma lama espessa cobre todas as coisas em Serra Pelada, no Pará. Milhares de garimpeiros chafurdam um em cima do outro em busca de ouro. Despencam de escadas tão precárias que são chamadas de "adeus-mamãe" —seria o último pensamento de quem cai em direção à morte.

O escritor paraense Airton Souza, de 42 anos, redime esse cenário desalentador transformando-o em literatura. Ambientou seu romance "Outono de Carne Estranha" nesse que foi, nos anos 1980, o maior garimpo a céu aberto do mundo. Colocou justo ali a história de amor de dois homens.

O texto venceu no ano passado o Prêmio Sesc de Literatura, conhecido por revelar novos talentos. Souza já era calejado, porém: o professor lançou 47 livros e venceu diversos outros prêmios.

A editora Record costumava publicar o vencedor do troféu, fruto de uma parceria de duas décadas com o Sesc, e foi o que aconteceu com "Outono de Carne Estranha".

Mas em novembro, Souza leu um trecho do seu texto durante a Flip. A leitura incomodou diretores do Sesc, porque o romance já começa com uma explícita —e longa— descrição de sexo entre os garimpeiros Manel e Zuza. As palavras "pica" e "cu" estão na primeiríssima página do texto.

As relações azedaram entre a Record e o Sesc. A editora rompeu a parceria com o prêmio, sugerindo que, por homofobia, o Sesc não divulgou o romance o bastante. A polêmica, é claro, trouxe o texto para o primeiro plano. Foi o que aconteceu também com "O Avesso da Pele", de Jeferson Tenório, alvo de censura em diversos estados.

O que você está lendo é [Outono de Carne Estranha é romance de poesia rara, mas diluída].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...