PIB da soja cresce 21% em 2023, mas não recupera renda do produtor
O PIB (Produto Interno Bruto) da cadeia da soja e do biodiesel apresentou expressivo crescimento em 2023, de 21,03%, mas o aumento foi insuficiente para recuperar a renda real dos produtores rurais.
Os dados envolvendo a soja foram apresentados na tarde desta quinta-feira (4) pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
O crescimento em 2023 foi registrado em todos os setores da cadeia, principalmente "dentro da porteira" (o que envolve a plantação propriamente dita), com 39,2%. Os agrosserviços subiram 16,58%, enquanto a agroindústria cresceu 6,82% e os insumos apresentaram alta de 6,24%.
"É um desempenho muito positivo se considerarmos que o [aumento do] PIB do país foi de 2,9%", afirmou a pesquisadora do Cepea Nicole Rennó, professora da Esalq/USP.
Apesar do robusto crescimento da cadeia da soja e do biodiesel, como os preços no decorrer do ano passado não foram bons —caíram 21,79%—, a renda dos sojicultores recuou 5,34% no ano passado.
"Todo esse aumento de volume não se reverteu em aumento de renda real na mão do agente da cadeia produtiva", disse.
A pesquisadora, porém, afirmou que a queda não po de ser considerada grande, já que o indicador de renda depende de preços e os preços agropecuários e industriais são muito voláteis. "Então essa queda de 5,34%, ainda frente ao patamar de 2022, que teve um patamar bem elevado de renda, não é um resultado ruim", disse.
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Esse revés nos preços em 2023 deve se desfazer e retomar a trajetória de longo prazo do setor, na avaliação do coordenador científico do Cepea, Geraldo Barros.
Conforme o Insper Agro Global, um dos motivos para o preço cair internacionalmente foi o forte crescimento da produção da Argentina. A estimativa é que a safra 2023/24 do país vizinho chegue a 50 milhões de toneladas, mais que o dobro das 22,3 milhões de toneladas produzidas na safra anterior.
A safra 2022/23 foi atingida por uma forte seca, que levou à pior produção em uma década. A franca ascensão da produção da Argentina e o consequente retorno do país ao mercado global, segundo o Insper, exigem atenção.
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