Mensagem mediúnica inspirou criação de museu da TV

O Museu Brasileiro de Rádio e Televisão (MBRTV) tem uma origem mediúnica. Sua história começou em 1993, no enterro do autor de novelas Cassiano Gabus Mendes. Na ocasião, a atriz Vida Alves, pioneira da TV e protagonista do primeiro beijo nas telas ouviu uma voz que ela garantia ser do próprio Cassiano dizendo: "Vida, olha a escalação".

Vida ficou intrigada querendo saber que escalação era aquela. Mas aí ela entendeu como um chamamento para criar um clube, um instituto ou um museu que juntasse os pioneiros da TV e passou a escalar vários de seus colegas para criar uma entidade que reunisse a memória dos meios de comunicação. Tomou isso como uma missão até morrer, em 2017.

Entre os profissionais da TV que participaram das primeiras reuniões com Vida estavam Blota Júnior, Luiz Gallon, Borges de Barros, Murilo Antunes Alves, Sonia Maria Dorce, Ana Maria Neumann, Lolita Rodrigues, Hebe Camargo, Laura Cardoso e Walter Forster, o outro protagonista do primeiro beijo. Determinada, Vida passou a bater na porta de todos os conhecidos para que a entidade saísse do papel.

Os encontros começaram no Clube Piratininga e depois foram transferidos para a produtora do empresário Arthur Lemos Britto, na rua Treze de Maio. A ideia era promover eventos comemorativos e reunir material sobre as origens dos meios de comunicação, desde gravações, figurinos e fotografias até depoimentos dos pioneiros.

O museu conta hoje com 100 mil itens entre fotos, vídeos, revistas, scripts e equipamentos, além de 155 depoimentos de artistas, diretores, roteiristas, cenógrafos e profissionais de bastidores que fizeram a história da TV brasileira.

Tem, além disso, um acervo audiovisual com programas, trechos de entrevistas, trechos de novelas, programas de auditório, de humor e infantis, tanto de rádio como de TV. Está guardada lá também uma cópia do filme "Quase no Céu", de 1949, feito pelos Estúdios Cinematográficos Tupi, que pertencia ao empresário Assis Chateaubriand. Foi a primeira aparição de artistas como Hebe Camargo, Lima Duarte, Vida Alves, Dionísio Azevedo e Walter Avancini.

O museu está instalado desde o final de 2023 numa casa na rua Humberto I, na Vila Mariana. O imóvel pertence ao Centro Universitário Belas Artes e reúne no seu piso térreo várias preciosidades, como a câmera da Tupi usada na primeira transmissão de TV no dia 18 de setembro de 1950, roupas vestidas em novelas por Fernanda Montenegro ou Tônia Carrero e o primeiro videotape quadruplex do país.

A primeira sede permanente do museu, que surgiu com o nome de Apite (Associação dos Pioneiros da Televisão) foi na rua Doutor Homem de Melo, em Perdizes. Depois ele se tornou a Appite (Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira), para nos anos 2000, por sugestão do publicitário Mauro Salles, ser batizado de Pró-TV. Durante a maior parte do seu tempo de existência, entre 2003 e 2017, funcionou na casa da própria Vida Alves, na rua Vargem do Cedro, no Sumaré.

O guardião do museu hoje é o professor Elmo Francfort, descendente de uma família de pioneiros da TV. Seu tio Luiz Francfort fez uma longa carreira passando por várias emissoras. Elmo, que dá aulas na Belas Artes e dirige o MBRTV, cuida da organização do museu, que está em reforma, prevista para terminar no final de abril. Ele entrou na associação em 2001 para cuidar do site, que, em 2003, passou a se chamar Museu da TV. Desde então nunca mais saiu. Trabalhou lado a lado com Vida durante anos e contribuiu para a formação do acervo e para o desenvolvimento do portal da entidade.

De 2018 a 2023 o museu funcionou na rua 7 de Abril com pouca visitação, ficando fechado durante a pandemia. Com o apoio da Belas Artes passou a ocupar o atual endereço, cedido até 2028. "O museu está deslanchando, muita gente achou que quando a Vida Alves morresse tudo acabaria", afirma. "Mas a semente que ela deixou germinou e está dando muitos frutos."

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