Empresa acusada de elo com PCC ameaçou e coagiu perueiros em SP, diz Promotoria

O esquema de empresas de ônibus em São Paulo usadas para lavar dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital), denunciado pelo Ministério Público nesta terça-feira (9), incluiu passado de ameaças e extorsões contra ex-perueiros, autônomos que dominaram o transporte público na capital durante boa parte da década de 1990.

As acusações recaem sobre a Transwolff, empresa de ônibus que atua na zona sul da cidade comandada por Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, preso durante operação da Promotoria nesta semana.

A empresa é alvo de pedido dos promotores de indenização por dano moral coletivo de R$ 596.290.746,00, mesmo valor da renda bruta declarado em 2023 à Junta Comercial.

No fim da década de 1990, a gestão do então prefeito Celso Pitta (1946-2009) deu início à tentativa de ordenação do transporte público em São Paulo, dominado, até então, pelas lotações, veículos irregulares que rodavam a cidade com passageiros conduzidos pelos chamados perueiros.

O vácuo na oferta do serviço de ônibus era vigente desde 1993, quando foi iniciada a privatização da CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos). Os contratos, até então restitos à companhia, foram diluídos por regiões da capital e assumidos por diferentes empresas.

Em 2003, o sistema de transporte público mudou mais uma vez, e a cidade foi dividida em oito regiões. Cada uma foi concedida a consórcios formados por cooperativas de profissionais autônomos que precisaram se organizar para aderir ao sistema de repasses da estatal SPTrans (São Paulo Transportes S/A), entre elas, a Cooperpam, que dominava as linhas da zona sul junto com a Cooperauthon.

Pelas regras, os cooperados detinham individualmente a licença de transporte de passageiros e os veículos. Em contrapartida, tinham que fazer repasses semanais às cooperativas. Em vez de concessionários, esses profissionais eram permissionários, quando não há prazo definido para o fim da concessão do serviço público.

Cabiam às cooperativas receber os pagamentos da SPTrans e repassá-los aos cooperados. Com o tempo, a Cooperpam foi absorvida pela Transwolff, e essa dinâmica passou a ser permeada por ameaças e extorsões aos cooperados, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo) do Ministério Público.

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De acordo com os promotores, a situação se agravou a partir de 2008, quando houve redução dos valores dos repasses, sem nenhuma transparência. Tudo isso, segundo a Promotoria, para forçar os então cooperados a renunciarem a suas cotas e permissões sem qualquer tipo de compensação.

Antes disso, em 2006, o dono da Transwolff já tinha iniciado uma rotina de ameaças de agressões físicas aos cooperados que integravam a Cooperpam, ainda segundo o Ministério Público. Ex-cooperados relataram em ações judiciais terem sido coagidos a assinarem pedidos de demissão em que também se comprometiam a abrir mão de qualquer direito patrimonial e contrapartida financeira.

Ao menos 26 ações judiciais foram movidas por ex-integrantes da Cooperpam para cobrar os repasses previstos no estatuto social e que nunca teriam sido pagos após os desligamentos.

Os que recusavam as condições impostas eram descredenciados da SPTrans (São Paulo Transportes S/A), o que os impedia de rodar com os ônibus pela cidade, diz a Promotoria.

Nesse período, de 2015 a 2023, Pandora era dono da Transwolff (chamada de TW na época), e Robson Flares Lopes Pontes, responsável pela Cooperpam.

Pontes também foi preso na terça acusado de ser integrante do PCC; ele é irmão de Gilberto Flares Lopes Pontes, o Tobé, um dos líderes da facção criminosa, morto em 2023.

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