Nísia mantém discurso sem brilho, e operação para salvar ministra da Saúde expõe fragilidades

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, manteve a fala desanimada apesar dos esforços do governo para que ela mudasse seu estilo e defendesse a gestão federal com maior contundência.

O discurso de cerca de 40 minutos que fez na última segunda-feira (8) mostrou que o treino dado dias antes e as cobranças do presidente Lula (PT) não funcionaram.

A entrevista coletiva no Palácio do Planalto era uma daquelas marcadas pelo petista para ampliar a visibilidade do trabalho do Executivo em setores-chave e fortalecer a atuação do ministro da respectiva área.

O evento fez parte da operação desencadeada pelo presidente para salvar Nísia das investidas de Arthur Lira (PP-AL) e do Centrão e mantê-la no cargo. Ela está na berlinda devido a críticas de parlamentares pela falta de traquejo político e problemas na distribuição de emendas.

Também há contestações no governo por problemas da pasta e pela timidez em defender a atuação do Executivo em um dos ministérios que mais afetam a população.

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Dias atrás, o marqueteiro do PT na eleição de 2022, Sidônio Palmeira, se reuniu com Lula no Palácio da Alvorada para discutir como melhorar a comunicação do governo e, depois, seguiu para o Ministério da Saúde para dar dicas a Nísia sobre como melhorar sua imagem.

Dias antes, em meio ao esforço do presidente para o governo comunicar melhor suas entregas, o marqueteiro havia dado uma palestra ao alto escalão do Executivo e afirmou que "comunicação sem amor, vontade, tesão, sem brilho não vai a lugar nenhum".

A mesma orientação, aparentemente, não foi dada a Nísia —ou, ao menos, ela não conseguiu cumpri-la. Após a reunião com Palmeira, foi convocada a entrevista coletiva da ministra ao lado de Lula no Planalto.

A ideia era explorar o conhecimento técnico de Nísia, que foi presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), para mostrar seu trabalho e tentar ofuscar os problemas da pasta.

Nísia é criticada pela condução do combate à dengue —2024 já registrou, até o início de abril, 1.116 mortes, contra 1.094 no mesmo período de 2023—, pela morte de yanomamis —no primeiro ano de Lula, morreram 363 indígenas, mais que os 343 do último ano de Bolsonaro— e pela crise nos hospitais federais do Rio de Janeiro.

No entanto, a emenda saiu pior do que o soneto.

A ministra fez um discurso inicial de mais de 40 minutos, com uma apresentação burocrática, cheia de números e letras miúdas para a plateia ler.

A notícia, ao final, não foi a explanação de Nísia, mas as entrelinhas da fala do presidente. Lula elogiou a ministra, mas disse que ela "fala manso" —não grosso, como havia cobrado— e discursa "sem passar entusiasmo".

"Seu jeito delicado de falar sem rompante, sem tentar passar entusiasmo além do necessário, você consegue falar com alma e consciência das pessoas", disse.

Este não foi um movimento isolado na operação para salvá-la. Nas últimas semanas, Nísia ampliou a exposição pública, demitiu parte da equipe e fez acenos ao mundo religioso.

A operação para fortalecer a ministra, porém, teve o efeito contrário. As entrevistas expuseram sua dificuldade para vender o peixe do governo. As demissões evidenciaram que os problemas de gestão, de fato, existem. E a sua imagem, na verdade, ficou mais frágil.

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