Temu nem estreou no Brasil, mas já tem mais downloads que Marisa, Zara e Pernambucanas

Os estrangeiros estão dominando as vendas online no Brasil. Com a derrocada da Americanas, em recuperação judicial depois da fraude contábil de R$ 25 bilhões, os últimos meses têm sido de rearranjo no mapa do varejo eletrônico nacional.

Houve mudanças significativas em três grandes métricas que indicam o sucesso dos sites de compras: vendas brutas (GMV, na sigla em inglês), número de downloads do aplicativo e total de visitas à página (tráfego), segundo levantamento feito pela 💥️Folha.

A disputa ocorre no momento em que as vendas online das varejistas brasileiras estagnaram: alta de 0,7% em 2023 em comparação ao ano anterior, para R$ 286,5 bilhões, segundo cálculos da consultoria Varese Retail, com base em dados da NielsenIQ Ebit. Ninguém está mais disposto a "rasgar dinheiro" com fortes promoções e oferta indiscriminada de fretes grátis.

No momento em que cada clique importa, o mercado espera para breve a entrada no país da Temu. Chamada de "Amazon com esteroides", o marketplace chinês ultrapassou a Shein e a Amazon e desde maio do ano passado tem sido o aplicativo de compras mais baixado do mundo.

Antes mesmo de estrear no Brasil, a chinesa já passou à frente de outros varejistas consolidados no país: o app "Temu: Compre como um bilionário" ocupa hoje o 65º lugar no ranking dos aplicativos de compras mais baixados, à frente da Marisa (66º), Mobly (68º), Zara (70º) e Pernambucanas (71º), de acordo com a ferramenta de pesquisas de mercado App Magic.

"Os dados já mostram esse interesse dos brasileiros em conhecer o novo marketplace", diz Erich Casagrande, líder de marketing no Brasil da Semrush, plataforma de marketing digital. A Temu pertence ao gigante chinês PDD Holdings, que em 2023 faturou US$ 34,8 bilhões (R$ 180 bilhões).

A disputa entre os marketplaces asiáticos se acirra. Nos últimos 12 meses, a singapurense Shopee ultrapassou a chinesa Shein em número de downloads, tornando-se o segundo aplicativo mais baixado do país, só atrás do argentino Mercado Livre, segundo o AppMagic.

Em abril do ano passado, a Shein estava liderando o número de downloads no país, mas perdeu o posto em novembro. Entre abril de 2022 e março de 2023, o tráfego da Shein no Brasil triplicou. Mas nos 12 meses seguintes, houve uma queda de 20% nas visitas ao site, conforme levantamento da Semrush para a 💥️Folha.

Segundo Casagrande, a adesão em setembro ao programa do governo federal Remessa Conforme —que determinou Imposto de Importação de 60% para compras internacionais acima de US$ 50 (R$ 262) e 17% de ICMS— causou impacto nas vendas da Shein.

"Mesmo com a empresa absorvendo parte da alta dos custos, o consumidor sentiu a alta de preços", diz.

Procurada, a Shein não quis comentar, mas divulgou nota em que critica o possível aumento da alíquota de ICMS de 17% para 25%, que incide sobre as compras feitas nos sites que aderiram ao Remessa Conforme. A medida estava sendo discutida pelos Estados, mas a decisão foi adiada.

A Shein está em um processo de nacionalização das suas operações, com a meta de atingir 85% das suas vendas a partir de sellers (lojistas que vendem seus produtos no marketplace) locais até o final de 2026, com a contratação de 2.000 fábricas no país.

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