Educar é devolver o sonho de alguém, diz fundadora da Casa do Zezinho

Neste mês de abril, em que comemoro 70 anos de idade, a ONG Casa do Zezinho completa seus 30 anos. Brinco que são cem anos de amor pela educação.

Há três décadas, a Casa do Zezinho tem sido espaço de oportunidades de desenvolvimento para crianças, adolescentes e jovens que vivem em situações de alta vulnerabilidade social.

Nosso objetivo é preencher as lacunas deixadas pela desigualdade não só na educação, mas também na saúde pública, na habitação e em outros setores importantes. Para isso, oferecemos gratuitamente oficinas de educação complementar, artesanato, saúde, tecnologia, gastronomia e desenvolvimento humano.

Tivemos muito o que celebrar nesses 30 anos: crescemos, multiplicamos nossas ações, ganhamos reconhecimento mundial e conquistamos paredes coloridas, piscina, quadras de esportes, biblioteca e espaços de aprendizagem.

Agora, temos também um novo projeto: uma sala de games para os jovens, onde eles poderão aprender sobre tecnologia, criar aplicativos e desenvolver sites.

Comecei com 14 anos a trabalhar com alfabetização na favela, ainda na época da ditadura militar. Como pedagoga, pensava de forma diferente para a época e logo era mandada embora.

Por isso, passei a trabalhar em minha própria casa, dando aulas para filhos de exilados políticos argentinos, chilenos e brasileiros. Comecei a procurar lugar para esconder essas crianças.

Mais tarde, eu e meu marido compramos uma casa maior perto da favela do Capão Redondo. Foi assim que criei a Casa do Zezinho e fortaleci meu sonho de educar.

Hoje, a ONG atende a pelo menos 96 bairros dentro da capital paulista. Trabalhamos com mais de mil crianças na região do Capão Redondo, um dos distritos mais vulneráveis da cidade de São Paulo.

Dispomos de mais de 4.000 metros quadrados de espaço físico, oferecendo uma variedade de oficinas. Elas incluem arte, gastronomia, informática, reforço escolar, inglês, esportes, audiovisual, música, atividades psicoeducativas, teatro e orientação para o mercado de trabalho.

Iniciei este projeto em 1994 com apenas sete crianças. Atualmente, já atendemos a mais de 30 mil vidas.

Desde o princípio, eu me preocupo em mapear as competências da periferia. O primeiro aspecto que devemos trabalhar nestes jovens é a autoestima. A pessoa que mora na favela pensa que não vai sair dali.

Precisamos criar condições por meio da educação, da arte e da cultura para que esses indivíduos superem suas limitações sociais e pessoais, conquistando autonomia de pensamento e de ação para escolher e trilhar os próprios caminhos.

Em questão de educação no Brasil, sinto que voltamos no tempo. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2022, 40% dos jovens deixaram os estudos por necessidade de trabalhar.

Além disso, entre os brasileiros pretos e pardos, 7,4% são analfabetos, mais que o dobro da população branca. Sete em cada dez jovens que não completaram o ensino médio são pretos ou pardos.

O que você está lendo é [Educar é devolver o sonho de alguém, diz fundadora da Casa do Zezinho].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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