Cardápio em QR code: se (quase) todo mundo odeia, por que eles continuam?

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Rafael Tonon

Passados mais de três anos do início da pandemia, continua sendo necessário usar o celular para escanear aquele quadradinho e definir o que vamos, enfim, pedir.

Ok, no princípio parecia fazer sentido: lavávamos até sacos de plástico de batatas chips ao voltar do supermercado; quem é que iria querer colocar as mãos em um menu que passou por tantas outras?

Assim, a solução era que cada um pudesse ter o cardápio ao alcance de seus próprios dedos sanitizados com muito álcool gel. Mas agora, depois do fim dos picos de doenças e da comprovação que o vírus da covid-19 quase não se transmitia por superfícies, eles continuam entre nós, sem previsão de quando irão nos deixar.

Em outros jornais do mundo, o apelo continua. Há menos de um mês, o "Times of India" publicou uma reportagem com uma pesquisa que prova que os indianos só querem os menus físicos de volta.

O periódico levantou a crítica de que, em um país ainda tão desigual, o acesso à internet exigido aos clientes para acessar o menu é muito pobre e instável em muitas partes do país.

Por outras partes do planeta, os títulos não são menos duros: "Por que os menus QR code precisam morrer" a "Os menus QR code são a pior ideia do setor de restaurantes".

Nas redes sociais, comuns amplificadores de comportamentos, as críticas seguem — às vezes com um pouco mais de humor. "Eu prefiro um cardápio sendo ditado num microfone estourado do que o formato QR code", postou um perfil do Twitter.

O fato de sempre dar pau (a conexão nos estabelecimentos nem sempre é boa, e o Wi-Fi pode custar a conectar), de não ser propriamente inclusivo e ainda gerar uma quebra na interação entre as pessoas e o restaurante são muitas das críticas feitas. A plataforma "The Summer Hunter" enumerou uma série delas há uma semana.

💥️Economia em pixels

💥️Admirável cardápio novo

O formato Eat Now, Pay Later, já existe em países como os Estados Unidos e possibilita que os utilizadores paguem a conta quando tiverem dinheiro no futuro.

Para além dos QR codes, a interação digital com bares e restaurantes só deve crescer. Fazer reservas, gerenciar a fila, escolher os pratos, pedir a conta e pagar: tudo tende ser feito por telas, sem relações humanas.

Até porque acredita-se que com perfis criados, os empreendimentos podem ter mais informações de seus clientes (restrições alimentares, alergias, o que comeram nas últimas vezes), deixando a experiência mais pessoal e personalizada, tirando melhor proveito de algoritmos e de interfaces até então impensadas.

O código QR pode permitir que se saiba quem é cada um dos clientes (e todas as suas informações pessoais) quando ele se senta para comer: por exemplo, um frequentador que tenha alergia a glúten, por exemplo, pode abrir um menu em que as opções já sejam enumeradas levando isso em conta, onde pizzas e pães de farinha não aparecem.

💥️Melhorar ou morrer

Isso porque parte da magia dos restaurantes está justamente na hospitalidade, ou seja, em pessoas atendendo pessoas: a essência de sair para comer — para muitos — está justamente nisso.

Claro que as tecnologias têm a capacidade de criar conexões melhores, mas também representam algum tipo de alienação: todo mundo com os celulares na mão por ainda mais tempo.

Por parte dos desenvolvedores e empresários, há muitas razões para querer que os QR codes se mantenham. A ver se o descontentamento explícito dos clientes vai fazer com que eles mudem de opinião — e os cardápios digitais sejam só uma promessa que flopou junto com as paleterias e outros modismos passageiros.

O que você está lendo é [Cardápio em QR code: se (quase) todo mundo odeia, por que eles continuam?].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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