Setor de energia tenta expandir presença feminina e tem eólicas operadas só por mulheres

Foi durante a pandemia, em 2023, que o censo interno da companhia de energia AES chamou atenção da liderança da companhia. À época, quase todos os funcionários que trabalhavam na operação da empresa eram homens.

Antes de o resultado chegar, a realidade já era aparente ao percorrer os corredores das usinas, segundo o diretor de Recursos Humanos da empresa, Rodrigo Porto. "Mas esse censo estampou na nossa cara um número que me dói até hoje. Na nossa operação, a gente tinha 98% de homens e 2% de mulheres", diz.

Na tentativa de diversificar um ambiente predominantemente masculino, a AES decidiu que dois novos parques eólicos no Nordeste seriam operados somente por mulheres. O projeto saiu do papel nos últimos anos e hoje emprega 20 funcionárias em Tucano (BA) e Lajes (RN).

A tarefa não foi fácil, segundo Porto. Ele afirma que, em um primeiro momento, houve dificuldades de aceitação.

"Nesses parques, a gente fecha uma joint venture com um grande cliente. Um deles ficou abismado: ‘Mas como assim operar só com mulheres? Isso é preconceito’, dizia. Bom, esse mesmo parceiro esteve com a gente no dia da inauguração do parque fazendo um megadiscurso no qual o protagonista foi o fato de a usina estar sendo operada 100% por mulheres", conta.

A AES opera por meio do chamado PPA (Power Purchase Agreement), também conhecido como contrato de compra de energia. Os clientes nos dois parques incluem nomes como Microsoft, BRF, Unipar e a mineradora Anglo American.

Houve outros obstáculos, como a dificuldade para encontrar equipamentos de proteção do tamanho das trabalhadoras. "Até então quase não existia uma bota número 36, por exemplo. A gente teve que fazer uma movimentação muito grande também na cadeia de valores", diz Porto.

Para fazer as contratações, a AES fechou parceria com o Senai, que ofereceu capacitação para atuar em usinas eólicas a mulheres que já estavam passando por formação de nível técnico em cursos como eletrotécnica. Atualmente, 11 funcionárias estão efetivadas na operação da usina da empresa em Tucano.

Já no complexo eólico Cajuína, em Lajes, que começou a operar no segundo semestre do ano passado, são nove trabalhadoras. Parte do parque ainda está em construção, e a AES projeta a contratação de mais funcionárias até o fim de 2025.

As trabalhadoras são responsáveis pela manutenção e operação dos geradores e outros equipamentos do parque. Os únicos homens presentes na usina, de acordo com a empresa, são de serviços terceirizados, como portaria e segurança.

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