Inteligência artificial pode beneficiar classe média, diz economista do MIT

David Autor é um improvável otimista em relação à inteligência artificial. O economista do trabalho do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) é mais conhecido por seus estudos detalhados mostrando o quanto a tecnologia e o comércio erodiram os rendimentos de milhões de trabalhadores dos Estados Unidos ao longo dos anos.

Mas, desta vez, Autor defende que a nova onda tecnológica —a IA generativa, que pode produzir imagens e vídeos hiper-realistas e imitar convincentemente vozes e textos humanos— pode reverter essa tendência.

"Se usada corretamente, a IA pode ajudar a restaurar, no mercado de trabalho dos EUA, as vagas de nível médio e a classe média que foram esvaziadas pela automação e globalização", escreveu Autor em um artigo publicado na revista Noema em fevereiro.

A opinião de Autor sobre a IA parece uma mudança impressionante para um especialista de longa data sobre os efeitos da tecnologia no mercado de trabalho. Mas ele disse que os fatos e sua forma de pensar mudaram.

A IA moderna, disse, é uma tecnologia fundamentalmente diferente, abrindo portas para novas possibilidades.

Segundo ele, a IA pode mudar a economia da tomada de decisões de alto risco para que mais pessoas possam assumir parte do trabalho que hoje é feito por especialistas caros, como médicos, advogados, engenheiros de software e professores universitários.

E, se mais pessoas, incluindo aquelas sem diploma universitário, puderem realizar trabalhos mais qualificados, elas deveriam receber mais, alçando mais trabalhadores para a classe média.

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O pesquisador, que foi considerado pela revista The Economist "a voz acadêmica do trabalhador americano", começou sua carreira como desenvolvedor de software e líder de uma organização sem fins lucrativos de educação em informática antes de mudar para a economia —e passar décadas examinando o impacto da tecnologia e da globalização nos trabalhadores e salários.

Autor, 59, foi autor de um estudo influente de 2003 que concluiu que 60% da mudança na demanda que favoreceu trabalhadores com diploma universitário ao longo das três décadas anteriores era atribuível à informatização. Pesquisas posteriores examinaram o papel da tecnologia na polarização salarial e no direcionamento do crescimento de vagas de emprego em serviços de salários baixos.

Outros economistas veem o tratado mais recente de Autor como um exercício de pensamento estimulante, embora especulativo.

"Sou grande admiradora do trabalho de David Autor, mas sua hipótese é apenas um cenário possível", disse Laura Tyson, professora da Haas School of Business da Universidade da Califórnia em Berkeley, que foi presidente do Conselho de Consultores Econômicos durante o governo Clinton.

"Há um amplo consenso de que a IA trará benefícios de produtividade, mas como isso se traduz em salários e emprego é muito incerto."

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Essa incerteza geralmente tende para o pessimismo. Não apenas os profetas do apocalipse do Vale do Silício, mas economistas "mainstream" preveem que muitos empregos, desde operadores de call center até desenvolvedores de software, estão em risco.

Em um relatório do ano passado, o Goldman Sachs concluiu que a IA generativa poderia automatizar atividades equivalentes a 300 milhões de empregos em tempo integral globalmente.

No relatório mais recente de Autor, que também foi publicado no National Bureau of Economic Research, ele desconsidera a probabilidade de que a IA possa substituir completamente o julgamento humano.

Ele vê a demanda por serviços de saúde, softwares, educação e consultoria jurídica como praticamente ilimitada, de modo que a redução de custos deve tornar esses campos mais acessíveis.

Não é "uma previsão, mas um argumento" para um caminho alternativo no futuro, muito diferente do apocalipse de empregos previsto por Elon Musk, entre outros, disse ele.

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