Morgana Kretzmann narra a luta ambiental com realismo mágico

Os detalhes minuciosos de como cada personagem se porta, se veste e está inserido nos espaços despertam, já no início de "Água Turva", a possibilidade de se posicionar como telespectador e conduzem a uma leitura de pouco respiro.

A partir da construção mitológica da experiência de viver ao redor do Parque Estadual do Turvo, no Rio Grande do Sul, bem na fronteira com a Argentina, o segundo romance de Morgana Kretzmann se destaca pela escolha de dialogar diretamente com as experiências sociais e políticas do Brasil, a serviço de seu tempo.

O enredo aposta na catarse das relações de disputa de território envolvendo mágoas e paixões familiares, expressões da religiosidade local e a interferência de políticos corruptos nas riquezas naturais das cidades interioranas. É fácil espelhar as personagens mais desprezíveis do livro em personalidades típicas do governo brasileiro.

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Afinal, a obra gira em torno da construção de uma hidrelétrica a partir de um complexo jogo de poderes que envolve políticos ind ecorosos, de Brasília até o município gaúcho fictício de Dourado, cidadãos "de bem" e empresários da cidade e um grupo de caçadores e contrabandistas, os "Pies Rubros".

Das tentativas de emplacar um projeto arquitetado para desviar dinheiro e que ameaça o parque, conhecemos as histórias de Chaya Sarampião, guarda-florestal que tem na proteção daquele espaço e do legado de seu antepassado um motivo para existir; Preta, prima de Chaya e chefe dos Pies Rubros, também da família Sarampião, e Olga, assessora parlamentar de Afrânio Eichma, deputado que personifica o típico sujeito machista, grosseiro e criminoso dentro das instituições públicas.

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