Assistentes virtuais podem ajudar estudantes com dificuldade de aprendizado

A principal promessa da inteligência artificial no ensino fundamental e médio é oferecer suporte personalizado aos estudantes, permitindo que alcancem resultados acadêmicos que seriam possíveis apenas com tutoria intensiva e individualizada. Apoio ao professor, como o que será implementado em São Paulo, é algo menos relevante, ainda que não livre de riscos.

O verdadeiro Santo Graal da educação é a perspectiva de ampliar a capacidade dos estudantes de aprender. Em 1984, Benjamin Bloom discutiu essa questão em um trabalho sobre o "problema dos dois sigmas", ou seja, dos dois desvios padrão, estabelecendo um divisor de águas no debate.

Bloom conduziu uma série de experimentos para identificar os fatores que mais influenciam o rendimento acadêmico. No mais célebre deles, estudantes foram alocados aleatoriamente em três ambientes distintos.

Escola tradicional: turmas de 30 alunos por professor, com métodos generalizados.

Modelo tradicional de qualidade: semelhante ao tradicional, mas com incrementos pontuais de tempo e atenção.

Tutoria individual: contrapondo-se à instrução em massa, cada aluno recebia atenção individual, com conteúdos seguidos por avaliações, feedback personalizado e ações corretivas focadas.

Por analogia, a primeira condição corresponde às escolas públicas e privadas operando em larga escala, a segunda, às instituições de qualidade superior e a terceira, a estabelecimentos excepcionais como o Instituto Le Rosey na Suíça ou a mítica Academia de Platão.

O que Bloom mostrou e pesquisadores independentes corroboraram é que o nível de massificação é responsável por variações imensas no aprendizado. "O mais impressionante foram as diferenças no desempenho final nas três condições. Usando o desvio-padrão (sigma) do nosso controle foi demonstrado que o aluno médio da tutoria personalizada está dois desvios acima do que passa pelo ensino tradicional. O aluno médio daquele grupo posiciona-se acima de 98% dos alunos da escola tradicional".

"Já o aluno médio do ensino de qualidade superior está cerca de um desvio-padrão acima dos controles da escola tradicional. Isto significa que esse aluno está acima de 84% dos alunos do modelo controle de sala de aula" (Bloom, 1984, p. 4, adaptado para fins de clareza).

Vamos interpretar o impacto desses dois sigmas de diferença na prática. O estudante que não consegue acompanhar conteúdo algum, ao se tornar o foco do ensino, progride para uma performance de quem passa de ano de raspão (de E para C). Aquele com rendimento um pouco superior, frequentemente à beira de ser diagnosticado, seja correta ou indevidamente, com transtornos como déficit de atenção ou falha de processamento auditivo central, ascende para um nível bom (de D para B).

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