Após sucesso em testes, Saúde distribui remédio que evita recaída de malária a yanomamis

O Ministério da Saúde divulgou no mês passado que o povo indígena yanomami será o primeiro a receber, pelo sistema de saúde pública, a tafenoquina, medicamento utilizado principalmente para evitar recaída por malária. Segundo a pasta, um quantitativo de 4.000 esquemas de tratamento foi enviado ao distrito indígena, o que atenderia a demanda dessa população por cerca de seis meses.

A disponibilização do remédio só foi possível depois que estudos, envolvendo o próprio Ministério da Saúde, foram realizados no Brasil com enfoque no remédio. Uma dessas pesquisas, publicada na revista científica The Lancet Global Health, teve a intenção de entender se era realmente possível distribuir o medicamento no sistema público de saúde de forma segura, já que ele pode causar efeitos colaterais sérios em algumas pessoas.

Os casos de malária no Brasil são associados principalmente pelo ✅Plasmodium vivax, um dos protozoários que causa a doença. Esse tipo tem uma característica peculiar: ele pode ficar em estado dormente no fígado do infectado e, tempos depois, reiniciar o ciclo da doença.

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A transmissão da malária para uma pessoa começa com a picada de um mosquito que leva o protozoário ao organismo humano. Em cerca de 30 minutos, os parasitas entram no fígado e lá ficam por aproximadamente 15 dias. Depois, ele invade a corrente sanguínea e, então, os sintomas da fase aguda da doença começam a aparecer. Febre, dor de cabeça e calafrio são os principais.

Mas, no caso do tipo ✅vivax, ainda existem os hipnozoítos, que são as formas do parasita que permanecem adormecidos no corpo humano. Depois de um período, que na cepa de maior prevalência no Brasil é de 3 a 6 meses, esse protozoário pode sair do fígado e, novamente, os sintomas reaparecem. O fenômeno é chamado de recaída.

Destruir os hipnozoítos é necessário para o combate à doença, uma vez que se alguém apresenta malária aguda, ela está suscetível a transmitir o protozoário para outra pessoa pela picada do mosquito.

O problema é que o tratamento mais comum para a malária, que consiste em remédios como a famosa cloroquina, cujo uso foi comprovadamente mostrado ineficaz para a Covid mas que é eficaz para a forma aguda da malária, não elimina os hipnozoítos. É nesse momento que a tafenoquina é necessária. O remédio vai atuar justamente para extinguir essas formas que ficam adormecidas no fígado.

Antes da tafenoquina, já existia a primaquina, um medicamento da mesma classe e com o mesmo objetivo. Dhelio Pereira, diretor-clínico do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia e um dos autores do estudo, explica que a eficácia entre os dois medicamentos é similar. A diferença é na adesão.

"A primaquina exige um uso prolongado. Atualmente, a pessoa precisa tomar o remédio por sete dias com uma dose dupla, mas antigamente esse tempo era ainda maior, com 14 dias de tratamento com a dose normal", explica Pereira.

Já a tafenoquina é de dose única e pode ser tomada juntamente no primeiro dia em que se inicia o tratamento para a forma aguda da doença. Ou seja, o objetivo com a tafenoquina é superar o problema da adesão que a primaquina tem de forma a evitar recaídas por hipnozoítos.

Mesmo com resultados positivos, a tafenoquina pode representar um perigo para alguns indivíduos que apresentam deficiência na enzima G6PD. De forma geral, essa substância é importante para não deixar que o oxigênio destrua as células humanas. Se alguém apresenta algum defeito na capacidade de desenvolver a enzima, pode apresentar um quadro de destruição de glóbulos vermelhos no organismo ao ingerir a tafenoquina ou a primaquina. O problema pode evoluir até complicações mais graves, como anemia e insuficiência renal, representando risco de morte.

Por isso, é necessário fazer um teste para avaliar sua produção de G6PD antes da ingestão dos medicamentos. E, no caso da tafenoquina, o teste é mais do que essencial porque, por ser de dose única, não é possível suspender a substância após o aparecimento dos sintomas mais leves do quadro de saúde, algo que é possível de ser feito com a primaquina.

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