Em nome da proteção, famílias sufocam avanços inclusivos

Um dos temas mais áridos a respeito de diversidade e inclusão é o desenvolvimento de autonomia por pessoas com deficiência. É complexo reconhecer, mas fundamental externar, que famílias ainda sufocam seus entes com questões físicas, sensoriais e, principalmente, intelectuais, em nome do que defendem como cuidado, atenção e afeto.

Escrevo à luz de um recente decreto do governo de São Paulo que liberou a entrada de assistentes pessoais de alunos com deficiências severas dentro das salas de aula da rede estadual de ensino. O tal auxiliar tem de ser bancado pelos responsáveis do estudante ou ser ele o próprio parente, em bom dialeto tupiniquim, a mãe.

Nos meandros da heterodoxa decisão, a alegação que o poder público é lento em cumprir a lei, que já determina a presença de um profissional que zele por demandas específicas de alguns alunos, e também a preocupação de pais em darem aos filhos a atenção adequada, bem lavada, passada e engomada.

De fato, há volume de queixas em torno de crianças com deficiência sem a devida atenção no ambiente escolar, mas a solução caseira para a questão é matar o mensageiro, é uma afronta ao que se entende como educação pública, como educação inclusiva e como direitos da pessoa com deficiência.

Levar a casa para dentro da escola reduz a chance da construção de autonomia, seja ela como for, mesmo que na indicação, com o piscar dos olhos, de que o João quer ir ao banheiro. Desobriga e tira o sentido de envolvimento, da Maria, aluna sem deficiência, de ficar atenta às demandas de um colega com autismo e evoluir em suas percepções de vida. O cada um por si é um modelo fracassado e distante do mundo mais plural.

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